CAMISINHA NA ESCOLA

9 de agosto de 2010 | N° 8892

Na França, medida diminuiu contaminação por HIV

As máquinas de distribuição de preservativos, que estão para ser instaladas no Brasil até o final do ano, já figuram nas escolas da França desde 1995. A informação é do professor do Departamento de Psicologia e coordenador do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição da UFSC, Brigido Vizeu Camargo:

– Na época, acompanhei de perto, pois fazia uma série de pesquisas sobre Aids, comunicação e prevenção com adolescentes franceses. Não houve uma antecipação da iniciação, mas sim uma diminuição da contaminação pelo vírus HIV – lembra Camargo.

Conforme ele, essas máquinas incentivam o debate sobre a sexualidade, as curiosidades, a autêntica vontade de se informar e também a exibição de preconceitos e intolerâncias. Além disso, o preservativo é o principal elemento protetor diante da epidemia da Aids.

– A escola é um lugar importante para a iniciação da vida amorosa e sexual dos adolescentes. Nossas pesquisas mostram que, além disso, a escola é uma das principais fontes de informações para os adolescente sobre a Aids. E mais: os adolescentes que a tem como principal fonte são os mais bem informados em comparação com os que têm como fonte principal a televisão – conta.

Na opinião de Brígido, a ação não deve ser moralizada. Tanto a direção da escola quanto os pais devem encarar o assunto de forma direta e responsável, já que a maioria dos adolescentes vai se beneficiar com este tipo de prevenção. Independente de usarem o distribuidor para ter uma relação sexual segura, de usar como brincadeira ou de não usá-lo:

– Uma coisa é decidir ter uma relação sexual, assunto de foro íntimo. Outra coisa é dar acesso a dispositivos de proteção para se ter esta relação sexual, um assunto de saúde pública. Tanto a escola quanto os pais devem propiciar uma discussão franca sobre o assunto e, particularmente a escola, deve oferecer informações sobre sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis aos alunos – acrescenta.

Todos os leitores que participaram da pesquisa, até ontem à noite, foram contrários ao programa sugerido pelo governo federal.

“A escola deve trabalhar com a educação, em vez de distribuir camisinhas. Isso é função do posto de saúde.”

Osvaldo Volpato Garopaba

“Qual é o objetivo do governo federal ao disponibilizar máquinas de camisinhas nas escolas? Ao que me consta, o dever da escola é passar conhecimentos aos alunos, e não incentivar condutas promíscuas. Quem ganha com a precocidade sexual dos nossos jovens?”

Diego Callai Schuh Florianópolis

“Com as máquinas de camisinhas nas escolas, o Estado estaria promovendo não só a promiscuidade sexual como também várias condutas sexuais criminosas punidas pelo Código Penal e o ECA. Com a distribuição de preservativos no ambiente escolar, o próprio governo federal, ao fomentar a iniciação sexual precoce, se encarrega de estimular que os adolescentes busquem situações de vulnerabilidade a tais crimes.”

Cristiane Araújo Florianópolis

“Principal função de uma instituição escolar? Trabalhar a mente do jovem para que ele compreenda e esteja experiente quanto às dificuldades do futuro. Principal função do governo na educação? Melhorá-la e mantê-la. Não são capazes nem de pagar direito os professores, vão querer usar nossos impostos para satisfazer egos sexuais. Antes fosse uma máquina de cultura, assim não precisaria mais questionar o por que de discussões com frivolidades, o por que de um país emergente estar decadente em consciência.”

Guilherme Wagner São João do Oeste

“Já vi alunos fazerem bolas de ar com camisinhas. Sei de adolescentes que não usam preservativos nas relações sexuais. Máquinas de camisinhas nas escolas vão incentivar o quê? Sexo. Sou contra. Escola é para estudar sobre tudo, inclusive sobre sexo, mas não há necessidade de se gastar dinheiro com projetos para instalação de máquina de camisinhas, o governo as distribui nos postos de saúde.

Adenilson Peixer Tijucas

Para quem tem 60 anos de idade é um escândalo. Para quem adolesceu depois do advento da pílula anticoncepcional, pouco mais do que uma distribuição de material escolar, medicamento ou até merenda já é demais. Mas estes três últimos sempre veem num contexto de orientação e assistência específicos, leais, incontroversos e explícitos.

José Silveir Brasília (DF)

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