Pais em tempos de crises: Morrer medicamente assistido

Pais em tempos de crises: Morrer medicamente assistido: Escrevo esta crónica a quatro dias da votação da chamada “despenalização da morte medicamente assistida”. Releio, entretanto, uma conferência que o Prof. Barahona Fernandes proferiu na Faculdade de Direito de Lisboa, em Abril de 1930, sobre a eutanásia. Recorde-se que este Professor foi um ilustre médico psiquiatra, professor e reitor da Universidade de Lisboa e que se distinguiu como um dos pioneiros da psiquiatria moderna em Portugal.
Independentemente do argumento de natureza política de que este tema não deveria ser votado pela razão de o mesmo não ter sido apresentado aos eleitores nos programas eleitorais, há razões de outra natureza, bem mais importantes, que deveriam impedir tal votação. Há cerca de 90 anos, julgo, ainda não ouvia falar-se de cuidados paliativos, embora já houvesse terapêuticas que aliviassem a dor e outros sintomas geradores de sofrimento. Ora, Barahona Fernandes, nessa conferência, condena veementemente esse “dar a morte doce e suavemente, sem torturas do corpo ou da alma, transpondo de mansinho os umbrais que levam para além da vida.” E porquê? Porque a morte, como ele diz, é “a maior interrogação que jamais o espírito humano levantou, o campo onde a curiosidade mais se aguça e onde a inteligência esbarra contra os mistérios de um desconhecido. Incógnita inatingível pelo nosso pensamento�%8...

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